Por Ronaldo Gogoni
O iPad Pro é um senhor tablet, tão caro que se tornará uma ferramenta
de poucos abastados. Desenvolvido sob a visão da Apple de que ele se
torne o carrasco do PC (spoiler: nunca será), ele tem poder de fogo considerável para executar boa parte das tarefas que profissionais realizam em seus desktops.
Só que para isso ele precisaria de apps dedicados, poderosos e
obviamente caros. Mas as políticas da App Store estão complicando a vida
dos desenvolvedores nesse sentido.
A reclamação na verdade não é nova, desde sempre existem queixas
sobre as políticas das plataformas mobile de empresas que gostariam de
lançar versões de seus programas premium para tablets, mais precisamente
o iPad. O grande problema é o preço: aplicativos profissionais custam
caro, não dá para convencer um usuário a desembolsar cem dólares ou mais
logo de cara. Por isso existem os períodos de testes, para que o
profissional utilize o software por um tempo (com ou sem limitações) gratuitamente, e só então decida pela compra.
O problema é que com o iPad Pro no mercado posicionado como um rival do computador de mesa (curioso
que Cupertino não lembra que também vende desktops e notebooks,
apontando seus canhões exclusivamente para as plataformas IBM PC) e
do Surface da Microsoft, que roda Windows 10 completo o tabletão
precisaria de programas mais poderosos, e para isso seria interessante
repetir o formato de negócios já utilizado no PC: oferecer uma amostra
limitada para então cooptar o comprador.
Só que a Apple não quer saber. São dois os principais problemas:
primeiro, o iOS não suporta o formato de trial, ou o app é gratuito ou é
pago e os desenvolvedores não estão animados em vender suas ferramentas
no iOS dessa forma, tendo que ou cobrar valor full e sofrer rejeição ou
reduzir o preço e depreciar sua solução. Segundo, softwares do tipo
sofrem upgrades periódicos que geralmente são pagos, e a Apple também
não suporta esse modelo de negócios.
Isso não se aplica a gigantes como Microsoft e Adobe, suas soluções
são campeãs de venda simplesmente pelo conjunto da obra, mas
desenvolvedores menores estão sofrendo. A empresa responsável pelo app
de design Sketch, que custa US$ 99, jogou a toalha porque não pretende
nem fixar esse preço sem oferecer um trial e não tem a intenção de
reduzir o valor, que não cobriria os custos do desenvolvimento.
Claro que tudo pode mudar caso a adoção do iPad Pro seja grande, mas
por enquanto boa parte dos devs não está tão animada a oferecer suas
ferramentas de ponta para uma plataforma dita tão poderosa quanto um
desktop a preço de mobile.
Fonte: The Verge.